Meu amigo balbuciava frases desconexas, das quais pude compreender apenas algumas. Dizia, por exemplo, que na casa de amarelo muro e paredes azuis não se via mais o seu proprietário há um bom tempo. Nabucão supunha com quase certeza, entre uma dentada na broa, um gole no café, um pigarro chuviscador de farinha de broa e a queixa pelo quase-fim de sua garrafa de conhaque, que o antigo morador havia sido expulso da sua casa por uma gangue de saqueadores do bairro de arrabalde.
A única dúvida de Nabucão parecia dizer respeito à condição do novo ocupante da residência. Meu amigo não sabia ao certo se classificava o sr. Omeleti como seu vizinho interino ou seu vizinho de fato. Daí surgiu o gravíssimo problema nas formas dispensadas por Nabucão ao se referir ao seu novo vizinho. Na dúvida, optava pela sinceridade e o chamava de Cara-de-Ovo – ou, simplesmente, Omeleti.
Leitor habitual de Bukowski e Pirandello, Nabucão parecia mais preocupado mesmo era em comprar outra garrafa de conhaque, pois que a sua já em breve findaria, e ele ainda não estava em teores suficientes que o legitimassem a colocar no pobre diabo do Copérnico os efeitos de sua impressão física de que a Terra era redonda, e realmente girava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário