Fela Kuti é uma figura excepcional que fundou, na década de 1970, uma república autônoma dentro da Nigéria. Escrevi brevemente sobre ele há tempos no blog acerto de contas. Ultimamente, tenho escutado muito suas músicas, e coloco algumas aqui. No velho post do Acerto, escrevi o seguinte:
Conheci a música e a história de Fela Kuti há uns 3 anos, através de um amigo que me mostrou um disco e contou algumas histórias. O som é muito bom, contagiante. Além disso, Fela foi uma grande figura.Confiram mais alguns vídeos:
Nascido no ano de 1938, em uma família de classe média da Nigéria, foi estudar medicina em Londres, em 1958, mas seu destino era mesmo a música. Estudou no Trinity College of Music.
Sua história de vida é repleta de passagens insólitas.
No início da década de 1970, quando retornou à Nigéria, Fela fundou a chamada República Kalakuta – que era um estúdio e casa para as pessoas ligadas à sua banda (Afrika 70) e, posteriormente, ele proclamou independência à comuna.
Consta que certa vez, em 1974, a polícia ‘plantou’ um cigarrinho de maconha pra prendê-lo (ele era odiado pelo governo), mas ele acabou o comendo, pra livrar-se do flagrante. A polícia o levou mesmo assim, sob custódia, para fazer um exame de fezes e provar que havia maconha em posse de Fela.
Mas ele conseguiu a ajuda de outros detentos, e pegou um punhado de cocô emprestado e o entregou à polícia. Daí ele conseguiu ser libertado. Foi então que nasceu Expensive Shit (“merda cara”).
Mas a insolitude de sua vida não se resume a este caso.
O lançamento de Zombie (que era uma metáfora para designar criticamente os soldados das forças armadas da Nigéria) provocou muito tumulto. O sucesso do álbum enfureceu o governo e resultou num ataque feroz à República. Em 1978, Fela casou-se com 27 mulheres (muitas ligadas à banda dele, como dançarinas ou vocalistas). O evento marcava o aniversário do ataque à República Kalakuta.
Fela ainda se candidatou à presidência, em 1979, mas sua candidatura foi recusada.
A biografia do camarada é interessantíssima, marcada por uma politização que buscava lutar contra preconceitos, atingir liberdades individuais e difundir a consciência dos direitos do povo negro no mundo.
Sua música também é muito interessante. Mesclando vários ritmos como o Funk, o Jazz e cânticos africanos, criou uma Black Music original para expressar suas ideias e seus sentimentos.
Zombie
Water no get enemy
Expensive Shit
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