23/10/2008

Na Plenitude da Metade


Eu te vi, Século meu!
E, te olhei profundamente...
Olhei-te das aparências às entranhas.
E, senti que te olhar era inútil
– Que nada poderia fazer.

Nem falar, nem tocar, nem gritar-te:
Aonde vais?

Percebi que tu ias mal, Século meu...
Que as coisas em ti não se moviam,
Ao mesmo tempo em que não paravam
Nunca!

Tuas velocidades escondem tuas lerdezas.
E, tu bem gostas, Século meu...
Brincas com cores,
Como velhos com dissabores.

Vejo-te dançar de mãos atadas e olhos vendados
– Mas, sei: tu tens hábeis pés e ouvidos prendados.

Habitas uma redoma, Século meu!
E, ela é de límpido cristal.
Poucos olhos podem vislumbrá-la,
Assim como poucos dedos ousam-te tocar.

Tu definhas
(Não parece, mas tu cais...)

Aonde vais, Século Meu?

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