23/03/2009

O último Grão-de Era

Deslisou nas paredes
Do tempo que escorria,
O homem da Ampulheta.


As paredes de vidro

Eram lisas como lodo

- Escorregafrias...


Tudo era estanque

Naquele "ir"...

Que ia sem vir.


Vagarosamente partia.

Mas, era só aparente,

Pois veloz era.


Foi. Pra baixo, foi.

Inevitalvelmente iria...

- Como persona das Eras.

Despejou-se por cima

De toda matéria insólita de baixo,

Que eram todas as Eras que já eram.


Que foram pra baixo.

Que, inevitavelmente, foram.

Pois o destino é ir.


E, esperaram a mão benevolente

Que entornaria a ampulheta;

Mas, esperaram em vão, as Eras.


Em vez de mãos, caíram pés.

Os pés daquele homem

Que deslizara...


Que deslizara inerte,

Indiferente às eras que pisava,

No seu desejo impávido de voltar!


Indiferente ao que havia embaixo,

Olhava desejoso pra cima...

E via o último Grão-de-Era, que vinha...


Que caía...

E o homem da Ampulheta

Bêbado de angústia, atirava pra cima,

Em vão, aquele último grão

Que tornava a cair...

E subir...

E cair...

E subir...

E cair...

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