07/05/2009

Breve prosa sobre Mário Benedetti

Conhecem este senhor da foto acima? É Mário Benedetti, um poeta e escritor uruguaio. Nasceu em 1920. Está beirando a década de 90 de sua existência.

Vale a pena conhecer melhor esse poeta. Algumas coisas dele podem ser lidas no link abaixo:

http://www.avantel.net/~eoropesa/html/poesia/mbenedetti1.html

Aproveitem e ganhem alguns minutos na Cadena Poesia de Benedetti.

Bem, a questão é que eu soube hoje que ele anda um tanto doente. Eu também estou adoentado esta semana, mas é uma simples gripe (não a suína!). Porém, esqueçamos a mim, um poeta de fraudas, e pensemos em Benedetti.

Lendo, há pouco, O Caderno de Saramago - leitura quase diária e obrigatória pra mim - descobri que Mário não vai muito bem da saúde.

Uns versos cativantes de Benedetti:

Síndrome

Todavía tengo casi todos mis dientes

casi todos mis cabellos y poquísimas canas

puedo hacer y deshacer el amor

trepar una escalera de dos en dos
y correr cuarenta metros detrás del ómnibus

o sea que no debería sentirme viejo

pero el grave problema es que antes

no me fijaba en estos detalles.

Cometo o infame gesto de traduzir um poema:

Ainda tenho quase todos os meus dentes
quase todos os meus cabelos e poucos grisalhos

posso fazer e desfazer o amor

subir uma escada de dois em dois

e correr quarenta metros atrás do ônibus

por isso não deveria me sentir velho
mas o problema grave é que antigamente
não me apegava a estes detalhes.


Outro que gosto bastante é "Si dios fuera una mujer".

Este me recuso a traduzir. Leiam na língua dele os primeiros e últimos versos:

Si Dios fuera una mujer
  ¿y si Dios fuera una mujer?    
-Juan Gelman


¿Y si Dios fuera mujer?
pregunta Juan sin inmutarse,

vaya, vaya si Dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos

no dijéramos no con la cabeza

y dijéramos sí con las entrañas.
(...)

Ay Dios mío, Dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería,
qué venturosa, espléndida, imposible,
prodigiosa blasfemia."
Loas minhas a Mário Benedetti.

3 comentários:

Anônimo disse...

memorável e infame amigo raboni,
nas minhas - também - leituras do caderno de saramago sinto ser criada uma imagem ou um arquétipo da velhice sobre mim mesmo.
mas é imprescindível comentar que é uma velhice de caráter jovial, lúcido, que talvez não posso dizer que é confortável - posto que o confortável pode ser confundido com o conformado, não obstante chega a ser aprazível; agrada, ao menos, à existência valiosíssima da imaginação e da empatia.
senti coisa parecida ao ler estes trechos do poeta uruguaio - que não conhecia.
borges me trás sensação semelhante.
e você, amigo, tem um viés de velhice sobre seus textos, leia-se velhice, lucidez; velhice, profundidade.
viajo num fio da busca por um auto-conhecimento que por vezes desacredito dar em qualquer lugar, mas mesmo assim vou. o vôo é ao menos interessante. os fins talvez não importem tanto, tendo visto os meios.
sua participação no blog - bola - lá é bastante bem vinda.
chegue e escreva o que for, não escreva o que não for..
um abraço,
e espero seu livro. ansioso, digo.

Anônimo disse...

memorável e infame amigo raboni,
nas minhas - também - leituras do caderno de saramago sinto ser criada uma imagem ou um arquétipo da velhice sobre mim mesmo.
mas é imprescindível comentar que é uma velhice de caráter jovial, lúcido, que talvez não posso dizer que é confortável - posto que o confortável pode ser confundido com o conformado, não obstante chega a ser aprazível; agrada, ao menos, à existência valiosíssima da imaginação e da empatia.
senti coisa parecida ao ler estes trechos do poeta uruguaio - que não conhecia.
borges me trás sensação semelhante.
e você, amigo, tem um viés de velhice sobre seus textos, leia-se velhice, lucidez; velhice, profundidade.
viajo num fio da busca por um auto-conhecimento que por vezes desacredito dar em qualquer lugar, mas mesmo assim vou. o vôo é ao menos interessante. os fins talvez não importem tanto, tendo visto os meios. e as leituras são mais que complementares, são estruturais até. a escrita, necessária e digestória.
sua participação no blog - bola - lá é bastante bem vinda.
chegue e escreva o que for, não escreva o que não for..
um abraço,
e espero seu livro. ansioso, digo.

Karol disse...

Voltou a frequentar meu blog? que coisa.

Ah, eu continuo a ler Caio por falta de opção,por paixão,por vício,por admiração, sei lá, depende do dia.
Mas estou disposta a ganhar livros de Drummond, que fique bem claro! haha
Mas, falando nisso, to lendo Machado. Viu como eu não leio só Caio. ;)

Nossa, um livro de poesias!que massa!quando estiver pronto e tudo mais eu compro um exemplar!


:)