19/07/2008

Telemarketing

- Alô? Ah... Tudo bom?
- ...
- É que eu quero cancelar esta linha de telefone.
– O nome do senhor? Seu número de telefone ? Identidade? CPF?
– Ãn... talvez... acho que...
– Qual o motivo da sua decisão?
– Ãn... talvez... acho que não tenho motivos.
- Sr., qual o motivo da sua decisão?
- Olha, moça, eu não tenho motivos.
- Isso não é um "motivo", Sr.!
- Eu sei, mas é que... A senhorita é casada? Filhos? Namorado?!
- Sr., isso não vem ao caso.
- Caso. Mas é que...
- Sr., qual o seu motivo?
- Eu não tenho motivos.
- Então, Sr., tenha uma boa tarde, seu telefone não poderá ser cancelado.
- Mas, senhorita, o telefone é meu e eu não o quero mais!
- Por qual motivo o Sr. não o quer mais?
- Não tenho motivo!
- Então, Sr., tenha uma boa tarde, seu telefone não poderá ser cancelado.
- Mas, que merda! Eu tenho um motivo pra você: minha vida é uma bosta.
- Sr., isso não é um motivo para cancelar seu telefone.
- Mas, o telefone é meu.
- Da nossa operadora, Sr.
- Ok, o telefone é dessa droga de operadora, mas o motivo é meu!
- Qual motivo, Sr.?
- A MINHA VIDA É UMA MERDA!!!
- Sr., isso não é um motivo para cancelar seu telefone.
- Certo, certo, a senhorita venceu. Vou lhe dar um bom motivo, ok?
- Aguardo ansiosamente.
- Eu não quero mais esse telefone. Pronto, esse é o motivo...
- Sr., esse motivo não está registrado em nosso sistema. Não será possível cancelar seu telefone.
- E, quais motivos estão no "nosso" sistema?
- Vejamos: viagem; descontentamento com serviços; mudança de operadora; perda de emprego...
- Isso! Isso! isso! tenho todos esses motivos!
- O Sr. não pode ter todos esses motivos. É preciso escolher um, apenas.
- Sério? Hum... Tudo bem, tudo bem! Deixa-me ver. Inclua um novo motivo no "nosso" sistema.
- Qual?
- Tráfico.
- Tráfico?
- Sim. Tráfico. A senhorita ouviu muito bem! Não se faça de sonsa...
- Mas, Sr., esse não é um motivo plausível. Não será possível incluí-lo em nosso sistema.
- E por qual motivo não será possível incluí-lo em "nosso" sistema?
- Sr., não há um motivo definido, mas... Simplesmente não é possível. O sistema não aceita esse motivo.
- E, por qual motivo?
- Não há um motivo.
- Está vendo, senhorita? Não há motivos.
- Ér... Sr., estou perdendo meu tempo...
- Seu tempo?
- Sim. Meu tempo.
- Quanto tempo você tem?
- Ér... Não sei.
- Está vendo? Não se perde coisas que não se sabe que tem.
- Mas, Sr., isso está me deixando confusa...
- É? Que ótimo, esse é o meu motivo.
- Qual motivo?
- Deixá-la confusa.
- Como assim?
- Como assim o quê?
- Como assim "Me deixar confusa"?
- Assim mesmo, ora!
- Assim, como?
- A senhorita tem um motivo?
- Para quê o Sr. quer um motivo?
- Ora essa! A senhorita quem me disse que eu precisava de um motivo!
- Sim. E, qual o seu motivo?
- Não tenho motivo.
- Mas, é preciso ter um.
- E se eu não tiver, como ficamos?
- Não ficamos.
- E, por que não ficamos?
- Sr., eu sou casada!
- Hum... que pena. Era o único motivo de eu estar aqui paquerando a senhorita. Tenha um bom dia!
- ...

4 comentários:

Andréa disse...

paquerar a atendente de telemarketing é o fim!

auhUAHIUhaiuhIUAHIuahiuHA


:o)

Karol disse...

uhauah
ótimo.motivo é sempre um motivo.
depende do seu conceito de "motivo",né.
acabei de criar um motivo pra vir aqui mais vezes.
:)

Renata disse...

Escrever, publicar, roubar o tempo de quem ler, roubar sorrisos. Né moço?
Um ótimo texto leve!

Luciana Cavalcanti disse...

Adoooooooooooooooorei, André!
rsrsrsrs

Que mais que eu falo?!?

rsrsrs

:)