11/06/2009

Polifonia de si

Estando naquele instante em dois lugares (ao mesmo tempo) em pseudo-observações distantes...

Na janela eu fumava pra não conseguir dormir

Ao outro olhava consequente
Desconhecendo a real realidade:
Como seriam aquelas paragens?
O que havia em tais arrabaldes?

A noite demora a findar,
Há de ter nada por lá.
Pelo ocaso da hora
Só vai me restar ir embora.

É justamente Nada
Que se há de considerar;
Por ser o Demiurgo dos acontecimentos;
Só ele, o Nada, possibilita coisas serem:
Investigações labirínticas
Em um universo só devir.

Doravante,
Devia eu ir,
Devido à hora do devir,
Que já me dera nos limites!
Mas minha máscara não cai

Ou melhor, cai na cara do Eu
Lá em baixo da janela
Que olho o Eu que fuma
Na janela

Um trago; um suspiro...

À rua pela qual passara
O poste no lado oposto
A sombra do mesmo poste
Iluminando o mundo
Fez que me lembrasse
Do vizinho morto;
Do emprego
Da luz das luzes; e da
Deusa da luz: a Celpe;
Meus bigodes já não podem ser os mesmos...

(...?...)

Ao passar pela claridade minh’alma esteve...
Teve... Leve...
Com a alta música que tocava ao longo da rua
Causando-me impressionante impressão
De avistar imensa multidão.

O silêncio projeta ecos dentro de si
Causantes de um assombro-de-poço:
Vazio.
E Si
Dentro de Si
Aonde habita na fumaça?
Na sombra?

A sombra do corpo sob a...
Sombra do poste
Projetada na parede
Aludiu a um Outro perverso:
O desconhecido.

Um e outro, em confronto de sombras,
Conjeturaram as mais ébrias lombras
Acerca da tensão de um confronto
Verbal.

O silêncio mantenedor do mister mistério
Assombrara as sombras etéreas,
Cujas máscaras reluzentes
Caíram uma por sobre a outra
Sem mais saber onde começa uma
E acaba a outra

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* Tela: Metamorfose de Narciso - Salvador Dali.

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