"Feliz o que não insiste em ter razão, pois ninguém a tem ou todos a têm."Jorge Luis Borges - Fragmentos de um Evangelho Apócrifo
Tela - Paul Cezanne
Quando Beethoven encontrou-se com o poeta Goethe, o que teria este, dito aquele, ninguém sabe - afora algumas lendas, como por exemplo, a da frase “Uma criatura completamente indomável”.
FAUSTO
Na sua aposta com o Altíssimo, o demônio já indicava ser conhecedor das coisas que agitavam o peito do Dr. Fausto - seu desejo irrefreável por todos os conhecimentos dos mundos.
Principiou-se, então, as insidiosas tentações do demônio para carregar pro seu caminho a alma de Fausto. Trajando-se como um simples estudante viajante, o demônio pronunciou de sua boca as seguintes palavras aos ouvidos de Fausto:
MEFISTÓFELES
Há bastante deslealdade, ódio,
* Poema de Charles Bukowski

"um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lórca um éluard um ginsberg
por fim
acabamos o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores"
"quatro dias sem te ver
e não mudaste nada
falta açúcar na limonada
me perdi da minha namorada
nadei nadei e não dei em nada
sempre o mesmo poeta de bosta
perdendo tempo com a humanidade"
Aquele ser não tinha nome. Nem números. Ouvira certa vez um nome, que já lhe parecia, agora, algo estranho e irreconhecível. De um reconhecimento breve e distante, que não sabia identificar ao certo de onde provinha. Tudo lhe era estranho.
"Entretanto, se não agarrasse com unhas e dentes tal ocasião, provavelmente nunca lhe ocorreria outra semelhante. Afinal de contas, era nada mais nada menos que o sonho de sua vida."Comentário meu:
Amanhã, 1 de outubro, começa nosso 2º dia. Evoé!
Um passante invisível. Um mero passante que flutua e observa. Nada mais. E, como isso me pareceu um alívio! Era como se eu não tivesse nada a ver com aquelas vidas. Mas tenho, inevitavelmente. Não a ligação intrínseca que os laços consangüíneos nos impõem. Mas, uma ligação invisível. Um insólito elo - como a mão que toca outra em pensamento... como a mão que acarinha um rosto em devaneio. Compartilhamos a mesma miséria humana, a mesma poética suja e bela, em nossos centros urbanos. Todos compartilhamos belezas, agruras, poesia e um certo instinto de rebanho. Andamos em direção… Andamos sem nos ver, sem nos tocar, sem nos sentir. Andamos... Por acaso, ou ventura, uma ou outra vez tocamos nossas “antenas de formigas”, e mais nada. Há possibilidades de um devir-encontro, mas é raríssimo.o ocaso é sempre comovente
por mais pobre ou berrante que seja,
porém mais comovente ainda
é o fulgor desesperado e final
que enferruja a planície
quando o último sol mergulhou.
é doloroso manter essa luz tensa e diversa,
essa alucinação que impõe ao espaço
o medo unânime da sombra
e cessa de repente
quando notamos sua falsidade,
como cessam os sonhos
quando sabemos que sonhamos.
- Alô? Ah... Tudo bom?
“Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que abandone tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?”Pedaço da 1º das "Cartas a um Jovem Poeta" - Rainer Maria Rilke
Arde. Como arde o andor de coisas velhacas.
À esmo. Perdida é que ela se encontra nas mais recônditas sonatas sonolentas.
Lentas, mentem às agruras e aos montes as sementes de porvir.
Vendo um núcleo de universo à 30 cents. 30 centímetros
e o universo está descrito e explicado. , e fatalmente se aproxima do infinito
"Ignoro se Armila é dessa maneira por ser inacabada ou demolida, se por trás dela existe um feitiço ou um mero capricho. O fato é que não há paredes, nem telhados, nem pavimentos: não há nada que faça com que se pareça com uma cidade, exceto os encanamentos de água, que sobem verticalmente nos lugares em que deveria haver casas e ramificam-se onde deveria haver andares: uma floresta de tubos que terminam em torneiras, chuveiros, sifões, registros. A céu aberto, alvejam lavabos ou banheiras ou outras peças de mármore, como frutas tardias que permanecem penduradas nos galhos. Dir-se-ia que os encanadores concluíram o seu trabalho e foram embora antes da chegada dos pedreiros; ou então as suas instalações, indestrutíveis, haviam resistido a uma catástrofe, terremoto ou corrosão de cupins.
A explicação a que cheguei é a seguinte: os cursos de água canalizados nos encanamentos de Armila ainda permanecem sob o domínio de ninfas e náiades. Habituadas a percorrer as veias subterrâneas, encontram facilidade em avançar pelo novo reino aquático, irromper nas fontes, descobrir novos espelhos, novos jogos, novas maneiras de desfrutar a água. Pode ser que a invasão delas tenha afastado os homens, ou pode ser que Armila tenha sido construída pelos homens como oferta para cativar a benevolência das ninfas ofendidas pela violação das águas. Seja como for, agora parecem contentes, essas moças: cantam de manhã."
“O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara.
Aos meus Amigos, que sem vocês eu não seria. Sem Vós, nem voz. Nem sonho, nem mesmo Nada. Agradeço também aos amigos de meus Amigos, que sem eles, eles não seriam e nem eu.Ao destino por me presentear, em dois momentos da vida, um Amigo da estirpe de Rodrigo (Pacheco). Pela presença imaculada de nossa real e irrefutável Amizade. Leal e Nobre. Cínico e Apaixonado. Grandioso e Valioso. Rapinoso e Apreciador das grandes obras. Às nossas pivetices desde a escola; ao nosso reencontro na Universidade. Aos nossos Risos. Aos nossos Fracassos. Ao nosso dom de Criar. Aos nossos Abismos, tão vizinhos. Sempre!
Ao Amigo Bob, pela consideração depositada. Pelo respeito. Pela leveza de ser. Pelo mal-humor. Por me aturar. Pelo teu filho Tales.
Ao grandiloqüentíssimo e nobre Amigo, Diogão (França), presente dadivoso dos deuses na minha vida! Sempre presente, na alma minha, pois que esteja em França com sua sorridente e cativante esposa, Manon.
Ao Amigo Tiago (Pacheco), pelo ímpeto de viver, pela energia, pela bravura digna dos grandes navegantes de outrora! Por teu filho João.
Ao Amigo Roger, pela superação de nossas vaidades e construção de uma fortaleza chamada amizade. Ao seu virtuosismo que inspira até as mais insensíveis pedras!
Ao Amigo Diogo, pelo refinamento dos modos, pelo seu olhar fotográfico(n)gênito do mundo. Pelos momentos, tantos, de criação. Pelos registros mais silenciosamente loquazes. Pela discrição abissal e quase-imperceptível do seu amor por todos que o cercam.
Ao Amigo Pedrinho, pelo seu mal-humor. Pelo seu tédio. Pela sua falta de jeito com as garotas. Pela sua idosa jovialidade. Pelos seus ímpetos.
Ao Amigo Breda, pelo seu cinismo pouco deglutível. Pelo seu exemplo contra os mestres-estúpidos. Pela sua poesia aberracional.
Ao Amigo Dodô, pela sua força. Pelo seu futebol aguerrido. Pelo seu Vale do Piancó! Pelos seus silêncios. Pela sua grandeza discreta, apesar deste seu corpo imenso.
Ao Amigo Pedrão. Pelo RaiPTismo. Pelo PIB. Pelo Reino fungi. Pela tua presença sempre marcante. Pelo teu vocal no Orquestra Browniana.
Ao Amigo Raimundo, pela exemplo de guinadas. Pelas seu jeito estabanado. pelo seu sorriso-pra-dentro.
Ao Amigo Pablo, pela sua forma admirável de viver o mundo. Pela sua risada. pelo seu bom humor quase-eterno.
Ao Amigo Leite, pelo seu seu empenho. Pelo seu acreditar. Pelo seu esforço. Pelo seu ativismo.
Ao Amigo Lucas, pela franqueza e honestidade para comigo, sempre. Pelos nossos diálogos. Pelas sessões pseudo-analíticas do "fantástico". Pelos trabalhos em parceria. Pelo seu socialismo que não é o meu.
Ao Amigo Berna, pelo nosso mundo poético particular, sui generis, eu diria. Pelas cervejas compartilhadas, sempre únicas. Pelos seus poemas inatingíveis pela minha pequenez. Por me dar a mão ébria, quando de uma queda sólida num abismo abstrato, há um ano.
Ao Amigo Dimas, pelas bebedeiras e pelo louvor de um mundo artisticamente político. Pela nossa lealdade. Pelas nossas "Poesias de Guardanapo". Pelos teus saraus que não suporto, mas que, de alguma maneira, sempre estou presente. Pelo teu amor à jovem Susa.
Ao Amigo Fernando, pelas suas convicções que quase-me-convencem, pelos diálogos infinitos da mais bela e pura criação surrealista-de-beira-de-mangue. Pelo exemplo que dá a todos nós. Pelo seu olhar de Raio-x. Pelo seu senso de justiça.
Ao Amigo Luwí, pelo nossa primeira impressão de repulsa na Universidade. Pelo nosso espontaneísmo. Pelo nosso Poder Criativo. Pela nossa Música. Pelo teu Violoncelo que soa em todos os recônditos de minha alma.
Ao Amigo Castanha, pelo seu dom de perdoar os erros e a minha ignorância. Pelos nossos debates.
Ao Amigo mago-Edu, pelo "Dá-lhe Seu Cara!". Pelas nossas saídas. Pelos nossos encontros. Pelas farras. Pelas idéias. Pela nossa Filosofia.
Ao Amigo Vicente, pela sua grandiosa presença. Sempre. Sempre. Sempre.
Aos amigos que não constam nessa pequeníssima lista. Vocês também constam. Agradeço-vos também. Aos Amigos de outrora. Os Amigos de Barra. Os Amigos da infância nas Candongas. Não me esqueci de vocês. Nunca me equecerei.
À amiga Tia Lú, pela sua poesia. Pelos seus lamentos. Pela sua impenetrável sordidez metafórica e seu incomensurável espírito de amiga. Pela sua companhia. Pelos nossos planos de papel. Pela sua amizade.
À amiga Raquelzinha, pelos tantos momentos agradáveis. Pela sua maluquice centrada.
À amiga Susa, pelo seu estridente deboche das situações mais constrangedoras. Pelo seu toque poético em tudo quanto é seco.
À amiga Domitila, pela grandiosidade de seu espírito. Pela sua sabedoria. Pela sua dança encantadora. Pelos nossos encontros e desencontros. Pela nossa história.
À amiga Fê, pela sua forma direta de ser. Pelas nossas risadas infindáveis. Pela sua filha linda.
À amiga Rebecca, pelo seu dom de compreender. Pelo seu modo tão sublime e discreto de ser.
À amiga R. Fert, pelas trocas insubstituíveis de mágicos instantes de plena poesia. Pelos despertares. Pelos agitos da alma no silêncio dos mundos.
À amiga Jú (psico) pelo respeito. Pela sua inteligência. E pela dor compartilhada. Pelos motivos futuros que hão de nos alegrar.
À amiga Taci, pela sua gargalhada. Pela sua elegância mesmo nos momentos mais inoportunos. Pela sua sensibilidade. Pelo seu falar manso.
À amiga Maira, pelo ronronar de gata quando coço seu queixo. Pela geniosidade de seu sedutorismo. Por ter caído de pára-quedas nesse Panteão seleto.
À amiga Aline, por ser lienígena. Por me motivar a falar tantas asneiras. Por falar muito. Por ser estabalhoada, divertida e chata às vezes. Por fazer parte de tudo isso.
Especiais à amiga Pat, pela sua inteligência, candura e estima. Pelos nossos papos intrigantes e reveladores de saberes um ao outro. Pela sua gentileza. Pela integridade de você. Pelo seu amor ao meu Amigo.
À amiga Dani, pela sua meiguice e por sua presença sempre maior que o seu próprio tamanho. Pelo seu estilo único. Pelo seu despojamento. Pela sua "dancinha de mãos". Pelo seu respeito.
À amiga Úrsulla pelo seu desprendimento. Pelo seu bom humor irretocável. Pela sua finesse destranbelhada. Por seu filho Tales.
À amiga Mila, pela sua doçura e sua meiguice. Pelo seu sorriso particular. Pela sua beleza. Pelo seu olhar singelo. Pela sua honestidade. Por inspirar.
À amiga Kelly, pela sua femilitude. Pela sua sagacidade. Pela sua inteligência. Pelo seu andar admirável. Pela sua sensibilidade artística. Pelo seu dom de fazer marejar os olhos mais metais, num instante único de raiva contra os mestres estúpidos.
À amiga Maroca, pela sua serenidade. Pelo seu amor a Tiago e Joãozinho. Pelo seu ar discreto. Pela sua grandeza pouco aparente.
À amiga Mari Cota, pelo seu espontaneísmo. Pelo inesquecível forró de Arcoverde. Pelo seu sorriso bonito. Pelo seu jeitinho cativante.
À amiga Hanna, pelos seu rosto lindo. Pelos seus desenhos encantadores. Pela sua risada expressiva. Pelo seu olhar discretamente penetrante. Pelos seus impulsos mais sublimes. Pelas suas sentimentalidades.
À Raissa, pelo seu amor - que amei enquanto o tive. Pelo seu carinho - que acariciei enquanto o tive. Pela sua vontade de acertar, mesmo quando erra. Pela sua jovialidade e encanto - apesar de sua imaturidade. Pela seu Eu que busca crescer.
Às amigas que não constam nessa pequena lista. Não me esqueci de vocês. Vocês também constam.
A todas as mulheres que já foram minhas-comigo, e as que ainda estão na imaginação. Às que não conheço, mesmo depois de tanta convivência. Às que ainda conhecerei sem a mínima convivência. Amei-as, amo-as e amarei-as. Muito.
Agradeço ainda a Bethoveen, pelas suas sinfonias, sem as quais meu espírito seria aleijado.
Ao Pink Floyd, pela grandiosidade em tempos fractais.
Ao Radiohead, por me colocar sempre no limiar de mim mesmo.
Àos meus amigos escritores, que não foram meus amigos até que fossem mortos. Todos. De Homero a Artaud. De Kafka a Camus. Vocês também sou eu.
A todos os bons Poetas, de Erickson Luna a Lao-tsé. De João Cabral a Baudelaire. De Drummond ao Mendigo da Esquina.
A Nietzsche, meu mentor. Por sempre me atirar ao chão e me dar a mão pra levantar. Pelo seu bigode. Pela sua altivez. Pelo seu Dionisismo. Pelo seu ímpeto. Por ser a mola de cima e a de baixo de meu próprio abismo.
A Dom Quixote, por dar-me o gosto infinito pelas alturas dos mais elevados píncaros dos sonhos.
Por fim, agradeço ao Zaratustra de Nietzsche, por me ensinar a ser duro e nobre como um diamante, em uma época em que o carvão de cozinha é tido como o tipo ideal.
Tod@s vocês são os meus Deuses. A vocês eu ergo o meu Parthenon, pois que vocês compõem o meu Panteão.
Vós sois aquilo que de mais precioso já conquistei na vida. Eternizo-vos, nesta minha mais singela, grandiosa e verdadeira obra - que é grandiosa justo pela sua verdade.
Amo-vos.
André Raboni.