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Clique aqui se quiserem ler uma breve biografia de Picasso.
Antes de inaugurar o modelo estético cubista com sua tela “As senhoritas de Avignon”, Pablo Picasso já havia produzido obras significativas (não apenas pinturas, como também esculturas) em um período que foi denominado de fase azul e fase rosa, nas quais utilizava-se de elementos maneiristas, além da influência visível da estética das cores de Van Gogh.
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Ora, nunca ninguém me disse isso,– ainda bem! Sim: há algo errado neste quadro. E, isto é ótimo!
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Seria, por outro lado, muita ingenuidade de nossa parte, acreditar que a “ruptura” provocada por Picasso, a partir desta tela, não teria tido nenhum precedente. Décadas antes, Paul Cézanne e Vincent Van Gogh (se recuarmos mais, Delacroix e Goya) já haviam provocado algum tipo de “mal-estar” nos padrões estéticos vigentes.
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É com esta obra que Picasso inaugura o que se convencionou chamar de Cubismo. (clique aqui para saber mais sobre o cubismo)
Imagine uma cabeça humana. As cabeças humanas são circulares, com as orelhas estando dispostas uma de cada lado da cabeça (isso dentro dos padrões da normalidade humana…). Agora suponha que se abra esta cabeça como uma folha de papel, depositando-a sobre uma superfície horizontal. Estranhamente as orelhas e demais partes não estarão mais opostas, mas paralelas.
Essa é a lógica básica do cubismo, assim como eu o compreendo.
A partir da dissolução do grupo cubista, no ano de 1914 (quando do início da 1º Grande Guerra), Picasso iniciará uma fase de eternas transformações. Sua arte provocará travessias em diversos planos. Sua obra “Guernica” é um exemplo de aguda criação crítica.
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O rosto fragmentado, distorcido e atormentado é realçado pelas cores berrantes. “As cores estão para um pintor assim como os conceitos estão para os filósofos“, diria Guilles Deleuze.
Curioso (se olharmos mais atentamente) é que os dedos da mulher tornam-se o próprio lenço, sendo mordido desesperadamente pela mãe, numa simbiose que representa (segundo uma das interpretações possíveis) a tristeza, a dor da perda de um ente querido em um mundo atroz e cruel.
No dizer de Alberto Beuttenmüller:
“Picasso é o artista do devir e o que está passando, a um só tempo, do hoje e do arcaico, o artista que mudou tudo para que tudo restasse no mesmo lugar. O artista veloz que se permite ser do século XX e de todos os séculos, sem deixar de ser do agora. Picasso foi um movimento que se fez pintura, mais que todas as escolas do século XX; foi e é o pintor-tempo.”
Para visitar o site do Museu Picasso de Barcelona, clique aqui.
Para visitar o site do Museu Picasso de Paris, clique aqui.
Para os interessados em estudar mais fundo a relação entre Memória, Imagem e Educação, leiam o artigo “Imagens e Memória na (re)construção do conhecimento", de Áurea Maria Guimarães.
Um comentário:
eu não tinha percebido que o lenço se confundia com os dedos da mulher...
São ótimas as sua análises das obras. :)
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